Por Mauro Tapias Gomes
Ocorreu de outubro de 2013 até 23 de fevereiro de 2014, no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, a Exposição "Cazuza Mostra a Sua Cara". Normalmente, o Museu expõe obras de escritores considerados importantes; nesse caso, apresentou-se um
compositor de músicas populares.
Planejada para ser uma experiência multissensorial de impacto, o público reagiu muito positivamente a ela. Nas salas do Museu, as pessoas demonstravam forte emoção, inúmeras vezes; cantavam baixo, em sinal de respeito, as canções que se apresentavam na tela.
O trabalho passeou sobre a vida contestatória de Cazuza e se deteve na reprodução das maiores qualidades do artista: o uso artístico da palavra e a empatia com o público.
O recurso poético do autor já vem sugerido no
próprio título da exposição: “Cazuza Mostra a Sua Cara (a cara dele, de Cazuza)” joga ludicamente
com um trecho da canção Brasil,
talvez a mais famosa do autor. Trata-se da frase Brasil,
mostra a tua cara. As duas orações são paralelas, sonoramente semelhantes e por isso mesmo atrativas, mas o
significado é completamente diferente.
Quase sempre, Cazuza utiliza poeticamente
as palavras em duas vertentes. Em primeiro lugar, para manifestar sua contestação, a revolta (às vezes, consigo mesmo) e a inquietação pelo país e
pela sociedade, num dado momento. Foi ao criticar socialmente e politicamente o país, que Cazuza mais se projetou. Em segundo lugar, Cazuza fala de amor. Alguns
versos podem ser apresentados para confirmar uma e outra perspectiva.
Tem-se, por exemplo, da canção Brasil:
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Da
canção Preciso Dizer Que Te Amo, pode-se notar a veia romântica do poeta em:
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É eu preciso dizer que eu te amo
Tanto.....
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