sexta-feira, 28 de março de 2014

Anti-turismo - A dor e a delícia de ser o que é!



Por Fernando Mello

Quem caminha no Rio de Janeiro por Copacabana, Ipanema ou Leblon vai encontrar muitos turistas, entre brasileiros e estrangeiros, todos engajados na antiga arte de conhecer uma nova cidade através de seus atrativos mais propagados pela mídia e pelas agências de viagem.Muitos destes turistas já pesquisaram em blogs e páginas do Booking.com sobre os atrativos que mais valem a pena ser visitados, os restaurantes da moda, ou os que têm a comida caseira mais em conta. A favela está na moda, pois pacificada; e quem vai deixar de subir ao Cristo Redentor ou a Santa Teresa, mesmo que o bondinho esteja desativado, vítima do pouco caso administrativo?Mas será que a Cidade Maravilhosa, epíteto por si só já transformado no maior cliché da cidade, só tem isso a oferecer? Quem vê esses atrativos realmente conhece o Rio? Ele se resume ao Pão de Açúcar, às belezas naturais e ao samba? Onde está o espírito carioca?Aí entra a pessoa do guia de turismo. Como ele pode contribuir na hora de proporcionar uma experiência inigualável, e não apenas cumprir o que esta detalhado no pacote turístico? Como "desconstruir" o lugar comum e oferecer uma cidade que é única e que poderá se tornar inesquecível? A resposta estaria no estilo de vida carioca? Seria a "beach culture", que os americanos tanto ressaltam no estilo brasileiro de viver? Seria a descontração de uma caminhada a beira-mar, ou uma corrida em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas? Um açaí na tigela? O ensaio da Unidos da Tijuca um mês antes do Carnaval?
Foto Fernando Mello
A dor começa aí! E a delícia também! Pois o turista não é um só, na figura do turista está contida a mesma diversidade de toda e qualquer cultura moderna...assim como cada guia é um tipo de pessoa e tem suas idiossincrasias, o turista também o é, e ele está inserido em um grupo que contem outros turistas que trazem consigo gostos e desejos próprios, e histórias de vida que tornam cada um único.  A dor e a delícia embutidas na profissão de guia de turismo estão em identificar o "espírito" do grupo e, uma vez descoberto este espírito, proporcionar uma vivência local que funcione como contraste ou extensão da vida e do cotidiano do turista. É uma tarefa fácil? É sempre bem sucedida? Onde está o manual de instruções? Qual a resposta? Well, I never promised you a rose garden... 


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