Por Kimico Tamura - guia A13
No Brasil, FAVELA, é nome de uma planta rasteira do sertão nordestino, que em contato com a pele provocava grande irritação, e era encontrada no morro da providência, onde os ex-escravos, imigrantes construíam suas moradias ao pé do morro, proliferando verdadeiramente quando os soldados que batalharam na guerra dos Canudos, voltaram para casa sem receber os soldos, tiveram permissão do governo de construírem suas moradias juntamente com os já existentes. Este espaço era conhecido como MORRO DA FAVELA, e a partir daí, todo espaço habitado por seres humanos em áreas irregulares, portanto sem nenhum serviço público, nem ao menos o saneamento básico, era conhecida como favela, que com o tempo virou substantivo.
À primeira vista parece que FAVELA só existe no Brasil, mas estudos revelam que as FAVELAS, ou áreas habitadas irregularmente, como alguns definem esse espaço, EXISTE no mundo TODO, desde que o homem criou regras de comodidade do bem viver, e desencadeando as diferenças sociais, quem tem mais, pode mais, consequentemente, quem tem mais habita numa casa confortável no centro da cidade, quem não pode se sacode, como diz o dito popular.
Nomenclaturas diferentes em cada região, por exemplo em inglês é SLUM ( assentamento precário), em português europeu é BAIRRO DE LATA, em português angolano MUSSEQUE, não importa o nome, mas básicamente as condições habitacionais são semelhantes em qualquer FAVELA, e, aqui no Brasil, as favelas mais conhecidas mundialmente são as do Rio de Janeiro, onde o jovem Marcelo Armstrong começou há 22 anos levando turistas para a Rocinha, atividade que por sinal já era explorada desde sempre pela Indonésia, Tailândia, Nepal e outros.
Não temos como negar que o TURISMO EM FAVELAS está em alta, inclusive o governo estadual do Rio de Janeiro pretende investir em comunidades pacificadas, levando infra-estrutura comercial para melhor aproveitar o boom econômico que os turistas trazem à cidade, a questão é: trará melhoria à comunidade como um todo ou trará somente notoriedade ao local sem deixar rastros positivos aos habitantes que compõe a favela?
Um turismo de favela louvável e benéfico à comunidade, que exige que o turista tenha um papel ativo em ajudar os moradores do lixão, por exemplo é o realizado por um grupo ligado à igreja Mazatlan no México, o passeio é gratuito, porém eles pedem que ajudem a encher garrafas com água filtrada, preparar os lanches para serem distribuídos.
Muitos críticos em todo o mundo, questionam o que o próprio turista vai procurar nesses lugares, será que ele tem consciência do que está vendo? a pobreza, a condição sub-humana, a degradação do ser humano, que pode ser definido como turismo de Voyeurismo. Qual o seu comportamento nesses lugares, ele respeita o espaço não deixando mais sujeira, é respeitoso com a cultura, tradições, regras locais, ou não respeita porque não é seu território, aquele espaço não lhe pertence, portanto não é responsável pela manutenção e conservação. Ou apenas é um modismo da época, do século XXI, onde os poderosos , ou quem tem mais, que não conheceram e não sabem o que é ser pobre, querem vivenciar a pobreza por algumas horas, depois voltar ao seu hotel confortável com direito a ducha, ar condicionado, e água potável em abundância, e ter a sensação de um herói, INDIANA JONES urbano, por ter explorado algumas horas um território totalmente estranho acompanhado confortavelmente por um guia "nativo", e se o turista vier ao Rio, provavelmente volte ao seu país, falando MORRRRO DO SÁMMBA, com souvenier, roupas, adereços brasileiros, típicamente um gringo enfeitado de brasileiro, convicto de que fez um ato de generosidade à humanidade, com a sensação de missão cumprida, agora posso morrer em paz.
Não podemos criticar, pois muitos brasileiros nem conhecem nossas favelas, porém muitos vão ao exterior e se espantam que até na Europa, Ásia, Estados Unidos e muitos outros países do primeiro mundo enfrentam os mesmos problemas habitacionais, diferenças sociais graves. É igual dívida, só muda o credor.
Não podemos criticar, pois muitos brasileiros nem conhecem nossas favelas, porém muitos vão ao exterior e se espantam que até na Europa, Ásia, Estados Unidos e muitos outros países do primeiro mundo enfrentam os mesmos problemas habitacionais, diferenças sociais graves. É igual dívida, só muda o credor.
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